M-e-m-o-r-i-z-a-ç-ã-o

Por vezes, nos seus exercícios de memorização, a Sofia e o Ricardo dão as mãos sobre a mesa de trabalho, deixam cair a cabeça para a frente e dizem o texto quase sussurrando, embora não anulando algumas entoações. Algumas dessas vezes, a violência do que se diz tem como contraponto a estranha intimidade do dizer, do esforço cúmplice para fixar o texto. Gostaria que momentos como esses pudessem fazer parte do próprio espectáculo (seria, provavelmente, uma obscenidade).