Sex & violence

(Cena 2)

Ruth Pára, Nick.
(Ele rasga-lhe as calças.)
Rasgaste-as, podes parar, por amor de Deus? Estás a ser bruto.
(Ele dá um pontapé na garrafa.)
Estás a dar pontapés na garrafa.
Está bem. Está bem.
Espera.
Pára um segundo.
(Ele tapa-lhe a cara com a gabardine.)
Só um segundo. Ai. Okay. Pára um segundo, por favor.
(Ele prepara-se para se deitar sobre ela.)
Não, espera!
Espera.
Não vejo nada!
Não. Espera. (Afasta a gabardine e desloca-se um pouco para longe dele.)

Sexo. Violência. Sempre interessante, claro. Porquê? Porque queremos ver. Queremos saber.
E tão fácil, não? Tão fácil expor o contacto físico, elevar a voz, gritar. Ah, gritar é bom...
No entanto, lição do dia... A facilidade engana. Como sempre. A facilidade engana sempre. E a sua súbita emergência coloca-nos um primeiro problema, eminentemente de representação, visceralmente humano. Ou seja: antes, onde estava essa violência? Antes, que sexo havia? Onde estava o grito antes de ser gritado?
Segundo problema, bizarramente sensual: depois? Onde se pressente o sexo, onde fica a violência, depois?